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Um mapa da Islândia do Século XVI, rodeado de animais fantásticos

A gangue toda está aqui.
A gangue toda está aqui. CORETESIA SWANN AUCTION GALLERIES

Há muito o que se ver no mapa da Islândia de Abraham Ortelius. O cartógrafo nascido na Antuérpia, que compilou o Theatrum Orbis Terrarum, considerado o mais antigo Atlas moderno, também foi um dos primeiros a mapear a Islândia com detalhes impressionantes. Com base nos trabalhos de Andreas Velleius e Gudbrandur Thorláksson (Guðbrandur Þorláksson), um matemático e um bispo islandês, a geografia da Islândia é vibrante. Olhe a enorme rede de povoados, fiordes e montanhas. Caminhe em direção ao centro da gravura, depois para o sul, e você encontrará o Hekla, o vulcão; no meio de uma erupção, ele lança uma torrente furiosa de vermelho e laranja.


Sendo a Islândia uma ilha, grande parte do mapa é feito de água. É aí que você encontrará pedaços de gelo perolados no canto superior direito, balançando sob bandos de ursos preguiçosos. Aqui também há troncos e galhos de árvores quebradas, levados pelas ondas, e bolhas de esparmecete flutuando como oleosos icebergs.


O mapa incluía o Hekla, ocupado em devastar a paisagem ao seu redor.
O mapa incluía o Hekla, ocupado em devastar a paisagem ao seu redor. CORTESIA SWANN AUCTION GALLERIES

E, é claro, grande parte da água é o lar de uma coleção de animais maravilhosamente excêntricos. Muitas dessas criaturas são nativas de outros mapas. Ortelius invoca explicitamente Olaus Magnus que, poucas décadas antes, havia desenhado um dos primeiros mapas detalhados do mundo nórdico, com águas cheias de criaturas dentadas e de cauda afiada (outro guia comum para as criaturas assustadoras dos mares, era um mapa de Sebastian Münster, cujo bestiário se derivou do de Magnus). O peixe listrado com uma cabeça bulbosa e franzida, devorando uma foca (rotulado como “E” no mapa de Ortelius), se parece muito com Ziphius, uma criatura do mapa de Magnus, que foi chamada de Carta Marina. Ortelius indica que ele também procurou inspiração em Magnus para a hiena (ou porco-do-mar), emprestando seu focinho de porco e a barbatana felpuda. Um enorme crustáceo, com um humano flácido em suas garras, aparentemente não foi copiado.


Estas bestas marinhas não estavam lá apenas para horrorizar ou encantar. “Muitas delas foram tiradas do que os cartógrafos viam como livros científicos e confiáveis”, disse Chet Van Duzer, autor do livro Sea Monsters on Medieval and Renaissance Maps, à revista Lapham’s Quarterly. “A maioria dos monstros marinhos reflete um esforço por parte do cartógrafo para ser preciso na descrição do que vivia no mar”.


A Islândia apareceu no Atlas de Ortelius entre 1590 e 1612. Enquanto o Séc. XVII avançava e os cartógrafos continuavam a mapear o mundo, as bestas míticas dos mapas acabaram sendo extintas – e as águas se tornaram um pouco menos extravagantes.


Uma edição de 1603 da Islândia esteve a venda na Swann Auction Galleries, onde os vendedores esperam que ela alcance entre US$ 3.500 e US$ 5.500 (Alcançou US$ 6.250). Conheça algumas das criaturas que você adotaria se você comprasse o mapa.


A hiena (ou porco marinho), rotulada co0mo "D", o Zífio ("E"), a chamada baleia inglesa ("F"), e o Hroshualur ("G") não têm nada de bom.
A hiena (ou porco marinho), rotulada co0mo "D", o Zífio ("E"), a chamada baleia inglesa ("F"), e o Hroshualur ("G") não têm nada de bom. CORTESIA SWANN AUCTION GALLERIRES


O peixe fatal, com poderes como o de um unicórnio

O Nahval, não é um espectador (Ele está marcado com o rótulo “A” no mapa no início desta página). A água escorre de dois pontos na cabeça do peixe, acima de uma carranca dura. A criatura não é fácil de se olhar, e também não é boa para o estômago. “Se alguém comer desse peixe, morrerá imediatamente”, adverte a legenda (traduzida do latim para o inglês). Comer o corpo do peixe pode não ser aconselhado, mas e quanto a mordiscar o enorme dente que se projeta sobre sua boca? Essa pode ser uma história diferente. Acreditava-se que o apêndice particularmente pontudo era um “bom antídoto e um poderoso remédio contra o veneno”, muitas vezes vendido como chifre de unicórnio, acrescenta a legenda.



A baleia que é muito mais amigável do que parece


A Steipereidur possui longas presas que se sobrepõem aos lábios, e uma boca que parece um bico afiado. É um rosto de mau presságio, mas pode ocultar uma personalidade fofa. Esse gigante é “um tipo de baleia muito gentil e mansa”, garante a legenda, que os pescadores defenderão contra as espécies mais agressivas e mais selvagens.


Skautuhvalur ("I"), Steipereidur ("L"), e Staukul ("M"), que estão cuidando de suas vidas.
Skautuhvalur ("I"), Steipereidur ("L"), e Staukul ("M"), que estão cuidando de suas vidas. CORTESIA SWANN AUCTION GALLERIES

O peixe que parece uma folha furiosa


O Skautuhvalur é “um pouco como um tubarão”, mas “infinitamente maior” e “totalmente coberto de cerdas ou ossos”. Tem o rosto de um esquilo com o corpo de uma folha de samambaia enrolada. Quando surge, é do tamanho de “uma ilha” e para ele é fácil derrubar navios.


O peixe que fica a espreita com a cabeça acima da água


O Staukul não tem pressa. Com fome de carne humana, “foi observado que ele ficou de pé um dia inteiro sobre sua cauda”, esperando os marinheiros passar.


A criatura com uma juba de cavalo e cauda de dragão.


O Hroshualur é um “cavalo marinho”, mas não possui semelhança com as criaturas translúcidas que flutuam em nossos aquários. O pescoço do equino e os cabelos desgrenhados evocam algo que galopa por terra, enquanto a cauda escamosa e os pés palmados lembram algo da mais profunda cavidade das cavernas aspergidas pelo mar.





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