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Veja o deserto pixelado que alimenta a bateria do seu celular

Um leito de lago de lítio no Chile visto de cima.



Lítio em vários estágios de desidratação.
Lítio em vários estágios de desidratação. LAUREN DAUPHIN, DADOS DO USGS LANDSAT

SOB A SUPERFÍCIE do Salar de Atacama, no Chile, encontra-se a maior e mais pura reserva ativa de lítio do mundo. Cercado por vulcões, o Salar, ou lago seco de sal, é "literalmente o lugar mais seco do mundo", diz Brian Jaskula, especialista em commodities minerais do United States Geological Survey (USGS). Os flamingos andinos aparecem por lá periodicamente ao migrarem entre seus locais de reprodução no Chile e os pântanos argentinos, mas não há vida em tempo integral visível por ali - nem mesmo insetos. Essa aridez faz com que esse seja melhor local do mundo para a extração de lítio.


Visto de cima, como nesta imagem do satélite Landsat-8, do USGS, divulgada pela NASA, parece um mosaico de oásis retangulares. Com cores azuis piscina e brancos brilhantes, e verdes que variam do escuro aos verdes grama e aos tons de orvalho da Mountain Dew, formam um padrão de fundo âmbar liso, representando diferentes estágios no processo de mineração de lítio que dura em torno de 18 meses. Os azuis são as águas salgadas recém-extraídas a apenas 4,5 metros abaixo do piso do salar, contendo 0,02% de lítio, uma concentração que parece pequena, mas é cerca de 100 vezes maior do que a de outros locais que comercializam lítio em outras partes do mundo.


Até 2003, o lítio era uma commodity relativamente pequena, usada para estabilizar temperaturas e comportamentos flutuantes - em forma de pílula ou solução e em artigos de vidro como o Pyrex - e como hidróxido para lubrificar as dobradiças das portas e as rodas dos carros em dias quentes e invernos frios. Agora, o lítio lubrifica as engrenagens da vida moderna, na forma de baterias de íons de lítio que alimentam smartphones, laptops e, cada vez mais, veículos elétricos.



“A chuva é inimiga de uma operação com água salgada como essa”, diz Jaskula. Com uma alta concentração inicial de lítio abaixo do solo e muito sol e vento quente para fazer o trabalho de secagem, acima do solo, o Salar de Atacama contém as características perfeitas para a extração de lítio. O objetivo é evaporar a água e remover elementos adulteradores, como o magnésio, o boro e o sal, da água salgada, até atingir uma concentração de lítio de 6% - nas piscinas verde-amareladas – no ponto em que ele pode ser levado de caminhão para as fábricas de processamento onde são separados e enviados para todo o mundo.


Embora os veículos elétricos prometam melhorar a degradação ambiental causada pelos combustíveis fósseis, o apetite por lítio pode não ser tão sustentável. A Agência Internacional de Energia prevê que mais de 120 milhões de novos carros elétricos estarão em circulação nos próximos 20 anos, exigindo uma quantidade significativa de lítio. Ainda ontem, um novo minerador de lítio na região abandonou seu projeto devido a protestos da comunidade indígena do Atacama, e foi rapidamente engolido pelo chilena SQM – uma das duas empresas que dominam o negócio de lítio no Chile (a outra é a americana Albermarle). Enquanto o lítio parece um oásis da mudança climática visto de cima, seu futuro ainda não é tão claro.














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