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Podemos fazer um mapa 3D do mundo inteiro?

Um projeto Lidar quer documentar todo o planeta, antes que tudo mude



O antigo povoado de Angamuco no México, visualizado pelo Lidar, que revela a topografia e as ruínas (no topo) obscurecidas pela densa selva
O antigo povoado de Angamuco no México, visualizado pelo Lidar, que revela a topografia e as ruínas (no topo) obscurecidas pela densa selva. CORTESIA CHRIS FISHER

A primeira foto da Terra vista do espaço foi tirada em outubro de 1946, de um foguete nazista apreendido. Isso levou Clyde Holliday, o engenheiro da Universidade Johns Hopkins que projetou a câmera a bordo do foguete, a especular que “toda a área terrestre do globo poderia ser mapeada desta forma”. Como ele estava certo. Agora podemos ver a maior parte do mundo em mapas feito por satélites a qualquer momento em nossos telefones. Mas essas imagens contam apenas uma história parcial – uma com duas dimensões. Agora, um arqueólogo e um geógrafo desejam fazer a mesma coisa – um mapa completo do mundo, como realmente é, livre de todo o crescimento vegetal que esconde o terreno – em três dimensões.


O Lidar, ou Light Detection and Ranging, é uma forma de gerar imagens do terreno usando pulsos de laser a partir de um avião, que medem a elevação do solo abaixo rastreando o tempo que os pulsos levam para retornar. Onde o Lidar realmente brilha – especialmente no mundo da arqueologia – é na sua capacidade de ver através da cobertura de árvores. Um sistema Lidar envia tantos pulsos de laser que alguns deles inevitavelmente conseguem atravessar a vegetação, para que o sistema possa mapear a terra abaixo dela – revelando a topografia, ruínas e outras obras humanas que não são visíveis em imagens de satélite e, em muitos casos, nem mesmo podem ser vistas no chão. Se o Indiana Jones tivesse o Lidar, bem, talvez suas aventuras não tivessem sido tão emocionantes. O Lidar pode revelar cada protuberância e fendas que deixamos para trás – de estruturas únicas a padrões em grande escala que, de outra forma, levariam muitas vidas para mapear e entender.

“No momento, é absolutamente incrível ver os dados em 3D”, diz Chirs Fisher, arqueólogo da Universidade Estadual do Colorado. “Imagino que, daqui a 100 anos, as pessoas usarão esses dados como o Holodeck de Jornada nas Estrelas”.


Antigo ‘Angkor Wat’ no Camboja, onde o Lidar revelou grandes partes do local invisível ao olho humano.
Antigo ‘Angkor Wat’ no Camboja, onde o Lidar revelou grandes partes do local invisível ao olho humano. CORTESIA KHMER ARCHAEOLOGY LIDAR CONSORTIUM 2012

Fisher e seu colega Steven Leisz dirigem conjuntamente o The Earth Archive, o projeto que está tentando cobrir o máximo possível do planeta com lasers de Lidar. Fisher utilizou o Lidar para pesquisar o antigo assentamento Purépecha, de Angamuco, no estado de Michocán, no México. No decorrer desse trabalho, ele viu mudanças causadas pelo homem na paisagem e decidiu ampliar seu escopo. Seu objetivo final agora é criar um arquivo abrangente de varreduras Lidar, incluindo algumas que já existem e mais outras a serem adicionadas ao longo do tempo, para alimentar um imenso conjunto de dados da superfície da Terra, em três dimensões. Isso terá uma utilidade tremenda no curto prazo para encontrar locais antigos e padrões em grande escala, mas Fisher e Leisz estão pensando em longo prazo. Com essas ferramentas, dizem eles, quando todos os impactos das mudanças climáticas começarem a se instalar, as gerações futuras terão uma compreensão abrangente de como as coisas eram.


O plano, diz ele, é começar pelos patrimônios ecológicos e culturais mais vulneráveis e ir a partir daí. Por exemplo, Fisher estima que toda a floresta amazônica, onde um flagelo de incêndios florestais recentemente ganhou as manchetes internacionais, poderia ser digitalizada por avião e helicóptero em seis anos, por US$ 15 milhões. O próximo passo pode ser usar alguma tecnologia futura que coloque o Lidar em órbita e torne a cobertura de grandes áreas mais fácil.


“No momento, não podemos colocar um instrumento Lidar em órbita que nos dê o tipo de resolução que estamos exigindo”, diz Fisher. “Daqui a dez anos, talvez isso não seja verdade. Mas não podemos esperar 10 anos”.


Uma imagem Lidar de parte de Connecticut revelando uma rede de paredes de pedra escondidas na floresta
Uma imagem Lidar de parte de Connecticut revelando uma rede de paredes de pedra escondidas na floresta. USDA NRCS/USDA NRCS, CTECO, KATHARINE JOHNSON E WILL OUIMET

“O esforço de Chris é exatamente igual ao que temos feito”, diz Jason Stoker, geógrafo do US Geological Survey que tem trabalhado em um mapa dos Estados Unidos nos últimos anos, “mas ele tem a complexidade adicional de acordos internacionais e da coleta de dados internacionais”.


O The Earth Archive promete ser um empreendimento grande e caro – provavelmente com obstáculos futuros que a equipe nem consegue ver agora. Mas Fisher é inflexível quanto à sua importância.


“Eu não sei como resolver a crise climática, mas sei o primeiro passo, e este é o registro básico que o The Earth Archive forneceria”, diz ele. “Você tem que ser otimista. Caso contrário, você deve apenas sacar seu 401k [B] e ir para Las Vegas”.






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