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Mapeando o inferno de Dante, um círculo do inferno de cada vez

Uma topografia do tormento.




“Encontrei-me, na verdade, à beira do vale do triste abismo que reúne o trovão de um uivo infinito. Estava tão escuro, profundo e nublado que não consegui ver nada olhando para suas profundezas”.


Esta é a visão que saúda o autor e narrador ao entrar no primeiro círculo do Inferno – Limbo, lar de pagãos honrados – no Inferno de Dante Alighieri, a primeira parte de seu poema épico do século 14, Divina Comédia. Antes que Dante e seu guia, o poeta clássico Virgílio, encontrem o Purgatório e o Paraiso, eles devem primeiro viajar por um inferno com várias camadas de pecadores – desde os luxuriosos e gulosos dos primeiros círculos aos hereges e traidores que habitam mais abaixo. Esta primeira etapa de sua jornada culmina, no âmago da Terra, com Satã, envolto em gelo até a cintura, mastigando eternamente Judas, Brutus e Cássio (traidores de Deus) em suas três bocas. Além de estar entre as maiores obras literárias italianas, a Divina Comédia também marcou uma mania da “cartografia infernal”, ou mapeamento do Inferno que Dante havia criado.




Este desejo de mapear a imagem do Inferno começou com Antonio Manetti, um arquiteto e matemático florentino do século 15 (como o próprio Dante). Ele trabalhou diligentemente no “local, forma e medidas” do Inferno, avaliando, por exemplo, a largura do Limbo – que ele calculou como sendo de 140,8 quilômetros de diâmetro. Existem várias teorias sobre por que era tão importante delinear o Inferno de Dante, incluindo a popularidade geral da cartografia na época e a obsessão renascentista com proporções e medidas.


No entanto, dadas as limitações inerentes ao mapeamento de um mundo de ficção, houve algum debate entre os estudiosos sobre os detalhes. Qual era a circunferência do Inferno? Quão profundo ele era? Onde era sua entrada? Até Galileo Galilei deu sua contribuição. Em 1588, ele deu duas palestras nas quais investigou as dimensões do inferno e, por fim, confirmou os cálculos do mapa de Manetti.

Galileu não foi o único peso-pesado da Renascença a tentar fazer a cartografia do inferno. No final do século 15, Sandro Botticelli – talvez mais conhecido por ‘O Nascimento de Vênus’ e ‘A Primavera’ – foi contratado para criar uma série de ilustrações da obra-prima de Dante. Seu Mapa do Inferno é uma paisagem infernal ricamente detalhada que descreve os círculos como um funil escalonado cheio de cenas específicas do poema.



Mapa do Inferno, de Botticelli.

Após o Renascimento, o desejo de deduzir as dimensões do Inferno diminuiu, antes de um breve ressurgimento no século XIX. Aqui, Atlas Obscura (NT: que publica esta reportagem) oferece um olhar mais atento sobre os trabalhos dos cartógrafos do Inferno.











Publicado na página Curiosidades Cartográficas no Facebook em: https://www.facebook.com/curiosidadescartograficas/posts/1422251997968330



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