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Mapas invertidos: O mundo de cabeça para baixo?



Como já foi apontado anteriormente, não há razão para colocar os pontos cardeais nas direções convencionais e, portanto, a representação tradicional é tão correta quanto a invertida. A localização do norte nos mapas é, portanto, arbitrária.


A convenção do norte para cima (e do leste para a direita) da maioria dos mapas modernos foi estabelecida pelo astrônomo Ptolomeu e foi amplamente adotada por outros cartógrafos como Mercator e Waldseemüller.


Existem muitos mapas que têm outra orientação e onde o norte não está no topo. É o caso, por exemplo, dos mapas medievais ou de alguns mapas feitos por outras culturas. São muitos os exemplos que encontramos na cartografia histórica que mudam a perspectiva a que estamos acostumados. Mas existem mapas atuais que viram o norte e o sul de cabeça para baixo: estes são os mapas invertidos.


Os mapas invertidos como uma reivindicação política


A verdade é que por trás da inversão dos mapas há um certo exercício de reinvindicação política, geralmente realizada por países localizados no Hemisfério Sul. Isto pode ser visto nos seguintes quadrinhos da excepcional Mafalda, de Quino.


Quadrinho de Mafalda. Quino.
Quadrinho de Mafalda. Quino.

Na América Latina, o artista uruguaio Joaquín Torres-García, em 1943, fez o que se conhece como “o mapa invertido”. A obra tornou-se um símbolo muito importante para os latino-americanos em seus esforços para se tornarem mais notórios e reconhecidos na visão geral do mundo.


América invertida. Joaquín Torres Garcia (1878-1949). Museu Nacional de Artes Visuais, emprestado ao Museu Municipal de Belas Artes Juan Marnuel Blanes desde meados da década de 1970, Montevidéu, Uruguai.
América invertida. Joaquín Torres Garcia (1878-1949). Museu Nacional de Artes Visuais, emprestado ao Museu Municipal de Belas Artes Juan Marnuel Blanes desde meados da década de 1970, Montevidéu, Uruguai.

Torres-García procurou reivindicar a América do Sul como uma autêntica “escola do sul” onde aconteciam coisas tão interessantes quanto aquelas que podiam acontecer naquela época em cidades como Nova York ou Paris.


Mapas invertidos, com o sul no topo


Assim, um mapa invertido, também conhecido como mapa com o sul para cima, é aquele que coloca a área tradicionalmente inferior dos mapas mundiais no topo e vice-versa.



Esses mapas mostram a América do Sul, Austrália e a Nova Zelândia na parte superior do mapa em vez da parte inferior. A Indonésia está, portanto, localizada mais centralmente, enquanto a Europa e a América estão localizadas nas laterais, embora existam mapas invertidos centrados no meridiano central.


O mapa do mundo feito pela Austrália.


No mundo anglo-saxão, os mapas-múndi feitos na Austrália são os mais conhecidos daqueles que exploram a perspectiva de baixo para cima, os chamados de cabeça para baixo (upside-down). De um ponto de vista astronômico, o polo sul poderia muito bem ser o polo norte e vice-versa.


O primeiro mapa ‘de cabeça para baixo’ foi obra do australiano Stuart McArthur, que desenhou seu primeiro mapa ‘com o sul para cima’ aos 12 anos de idade. Seu professor de geografia lhe disse para refazer seus trabalhos de casa da maneira ‘correta’ se ele quisesse passar. Três anos mais tarde, como estudante de intercâmbio no Japão, seus amigos americanos zombaram dele por vir do ‘cu do mundo’.


McArthur tinha 15 anos na época e decidiu que um dia publicaria um mapa com a Austrália no topo. Seis anos depois, enquanto estava na Universidade de Melbourne, ele deu vida ao primeiro mapa moderno ‘de cabeça para baixo’ do mundo e o revelou no Dia da Austrália em 1979.



A partir de então, as representações ‘de cabeça para baixo’ se espalharam na Austrália e foram repercutidas no resto do mundo. Há também aqueles feitos pela Nova Zelândia.


Mapa do mundo ‘de cabeça para abaixo’ australiano:
Mapa do mundo ‘de cabeça para abaixo’ australiano: Fonte: http://memolition.com/2013/01/10/upside-down-world-map/


O mapa invertido chileno


Na Austrália, os mapas “The World Upside Down” (que, apesar de virarem o mundo ao contrário, mantém a projeção de Mercator) são um sucesso absoluto, mas exemplos também podem ser encontrados em outras partes do chamado cone sul, como no Chile.


Em 2007, o Instituto Geográfico Militar do Chile publicou um mapa-múndi com o sul voltado para cima, colocando o Chile nos meridianos centrais da projeção cartográfica. Ele deu um maior protagonismo ao país dentro das rotas comerciais mundiais, que tradicionalmente aparecem na parte inferior do mapa.


Mapa-múndi do Chile desenhado pelo senador Carlos Cantero.
Mapa-múndi do Chile desenhado pelo senador Carlos Cantero.

Lá, um senador e geógrafo, Carlos Cantero, desenhou este mapa: “A ideia que acompanha este novo conceito é estabelecer um critério para o Chile como plataforma comercial na bacia do Pacífico e educar e formar cidadãos nessa linha”.


“Definimos um critério em que o sul é o nosso norte e mudamos o padrão de que o Chile deveria estar na parte inferior do globo. Há muitos países que não usam esse padrão e é por isso que desenhei isto em que todo o espaço territorial do Chile está no centro do mapa”, explicou. A ideia era levar esse mapa para as escolas.



O mapa invertido da Europa


Qualquer mapa pode ser virado de cabeça para baixo e o exercício resultante disso é uma mudança completa de perspectiva. Podemos fazer este exercício com o mapa da Europa, com o seguinte resultado.


O mapa da Europa invertido
O mapa da Europa invertido

Visões do mundo de acordo com cada país


mais visões de mundo de acordo com a perspectiva de cada país. Uma das visões de mundo mais recentes é a focada na Nova Zelândia, que recentemente causou furor nas redes.


O mundo da Nova Zelândia
O mundo da Nova Zelândia

A perspectiva é obra do americano Daniel Arnett. O mapa foi concebido como um aceno aos múltiplos exemplos de mapas-múndi em que este país foi deixado de fora, de forma semelhante a como as Ilhas Canárias são esquecidas em alguns mapas da Espanha.







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