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Direitos autorais cartográficos com lugares fictícios

por Bess Lovejoy

Mapa de East LA da Thomas Brothers Map Co. (1996), uma das muitas empresas a incluir armadilhas cartográficas (via David/Usuário do Flickr, em https://www.flickr.com/photos/23465812@N00/8549582407)

Com todo o tempo e energia que os cartógrafos gastam preparando os mapas, faz sentido que eles desejem proteger seus investimentos. Uma das maneiras de fazê-lo – embora nem sempre o admitam – é incluir “armadilhas cartográfica”, erros deliberados adicionados aos mapas para capturar insuspeitos violadores de direitos autorais. Estas podem incluir ruas falsas, como o nome sugere ("trap streets", no original em inglês), mas o termo também é aplicado a outros dados cartográficos errôneos incluídos para atrapalhar aqueles que podem roubá-los. Geralmente, esses “erros” são pequenos: pequenas (e inteiramente falsas) curvas em rios e estradas ou elevações de montanhas ligeiramente alteradas.


Diz-se que o Diretório TeleAtlas, a base do Google Maps, incluiu várias armadilhas cartográficas. De acordo com um artigo de 2012 na Revista Cabinet, Moat Lane uma vez fez uma curva pelo norte de Londres, pelo menos na visão normal do Google Maps, embora a camada de satélite tenha revelado que o local onde a uma trilha deveria existir era uma coleção díspar de árvores e casas – não havia uma trilha por ali.


Outras armadilhas cartográficas da TeleAtlas/Google Maps incluem a Oxygen Street, que supostamente passava entre duas casas em Edimburgo (ela não passa), Adolph-Menzel-Ring e Otto-Dix-Ring, ambas anexadas à Wiesenstrasse em Zeuthen, Alemanha (elas não estavam) e a Kerbela Street, que supostamente passava pelo Centro de Treinamento para Instrutores de Condução e Aprendizagem em Shrewsbury, Inglaterra (ela nunca existiu).


Talvez a armadilha cartográfica mais estranha seja a cidade fantasma de Argleton, na Inglaterra, que apareceu no Google Maps em 2009. As listas on-line mostravam a cidade como tendo empregos, imóveis, previsão do tempo, e até mesmo uma imagem. Mas ninguém nunca pisou por lá, porque ela não existe. Desde então, o Google removeu a cidade de suas listas e, embora muitos especulem que a cidade toda era uma versão de uma armadilha cartográfica, a empresa não revelou se a sua inclusão foi uma tentativa deliberada para capturar ladrões.



O espaço vazio onde no mapa existia Argleton (via small-town hero/Wikimedia)

A maioria dos cartógrafos nega a inclusão das armadilhas cartográficas, e existem muitas outras maneiras pelas quais os erros aparecem nos mapas (isso inclui “ruas de papel”, planejadas pelos urbanistas e incluídas nas plantas, mas nunca realmente construídas). No entanto, na década de 1980, o vice-presidente da Thomas Brothers Maps, revelou que a empresa espalhava ruas fictícias em torno de seus guias de Los Angeles. Em uma entrevista ao Los Angeles Times, o vice-presidente disse que os condados de San Bernadino e Riverside possuem a maior concentração de ruas falsas, entre 100 e 200 delas.


Nos Estados Unidos, as armadilhas cartográficas não são protegidas por direitos autorais, desde que Alexandria Drafting Co. v. Amsterdam decidiu em 1997 que “a existência ou não de uma estrada é um fato não protegido por direitos autorais”. No Reino Unido, no entanto, as coisas são diferentes. Em 2001, a Associação Automobilística do Reino Unido concordou em pagar 20.000.000 de libras depois que foi pega copiando os mapas do Ordnance Survey. O roubo foi revelado graças a pequenas impressões digitais nos mapas do Ordnance Survey, como a largura de estradas, ao invés de ruas totalmente falsas.


Os cartógrafos estão longe de serem os únicos a utilizar armadilhas em direitos autorais. Os dicionários são frequentemente acusados disso: as edições recentes do New Oxford American Dictionary incluíam a palavra “esquivalience” (definida como “a prevenção voluntária das responsabilidades oficiais de uma pessoa”), que mais tarde se mostrou inteiramente inventada, apenas para atrair possíveis plagiadores. Essas armadilhas lexicográficas são às vezes chamadas de ‘Mountweazels’, após a inserção de Lillian Virginia Mountweazel na Enciclopédia da Nova Columbia, em 1975. Aparentemente, Mountweazel era uma designer de fontes que virou fotógrafa, comemorada por suas fotografias de caixas de correio rurais americanas; infelizmente, ela nunca existiu. Richard Steins, um dos editores do volume, disse à Revista The New Yorker: “Se alguém copiasse Lilian, saberíamos que eles nos roubaram”.


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Bess Lovejoy é escritora, pesquisadora e editora que mora no Brooklyn, Nova York, Estados Unidos. Seu livro Rest in Pieces foi publicado em 2013 pela Simon & Schuster.



Publicado na página Curiosidades Cartograficas do Facebook em: https://www.facebook.com/curiosidadescartograficas/posts/1157656227761243



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