Mapas feitos para persuadir o público durante momentos de conflito podem ser bonitos, aterrorizantes, engraçados e informativos
Por Betsy Mason, para a National Geography
Os mapas muitas vezes possuem objetivos ocultos, transmitidos por meio de escolhas sutis feitas pelo cartógrafo. Esse não é o caso desses mapas.
Os mapas – que estão atualmente em uma exposição chamada War Map, na Map House em Londres (NT: A reportagem é de 2016) – possuem mensagens muito claras. Eles são propaganda de guerra, com o objetivo de convencer o público das tendências malignas de um inimigo, ou que um conflito pode ser vencido e vale a pena o sacrifício. A exposição e um livro que a acompanha estão repletos de mapas coloridos que revelam detalhes sobre a política, cultura e arte de países envolvidos em conflitos na primeira metade do século XX.
O mapa acima é um ótimo exemplo. Feito em 1900, ele retrata a Rússia como um polvo com tentáculos estendendo-se em todas as direções, estrangulando a Polônia, Finlândia e a China e alcançando a Turquia, Afeganistão e a Pérsia. O criador do mapa, o cartógrafo britânico Frederick Rose, foi, em sua época, talvez o mais influente criador do que são conhecidos como mapas antropomórficos. Embora o polvo seja o personagem principal deste mapa, a maioria dos países europeus é retratada como pessoas, e é daí que o estilo recebe seu nome.
A imagem icônica de Rose, do polvo como agressor, usada pela primeira vez em um mapa que ele fez em 1877, foi captada por muitos outros, incluindo cartógrafos franceses, japoneses e nazistas. Em um mapa feito pelos franceses (e incluído na galeria acima), Winston Churchill é retratado como um polvo.
A exposição e o livro cobrem várias guerras, incluindo as duas Guerras Mundiais, a Guerra dos Bôeres e a Guerra Civil Russa. Ela é o resultado de 15 anos de coleta dos autores Philip Curtis e Jakob Søndergård Pedersen, e vários dos mapas são as únicas cópias conhecidas existentes.
Uma dessas peças potencialmente únicas é um mapa antibolchevique (acima) feito na Bulgária que mostra soldados soviéticos envolvidos em atos horrendos por toda a Europa. O título pode ser traduzido como: “Isso é o que se pode esperar se a Europa sucumbir ao bolchevismo”.
“Isso teria sido desenhado, impresso e distribuído quando o exército soviético estava nas próprias fronteiras da Bulgária”, disse Curtis em uma entrevista de rádio para a Monocle, em 25 de setembro. “Agora, esta não é uma peça que você gostaria de ter em sua casa com soldados do Exército Vermelho soviético chutando a sua porta. Teria sido uma sentença de morte sem dúvida possuir essa coisa. [Esses mapas] teriam sido destruídos. Como este conseguiu escapar, não sabemos".
Alguns dos meus favoritos na coleção usam animais como abreviações para as características de vários países e líderes: as atividades coloniais da Inglaterra são representadas por um leão, a Turquia é mostrada como um elefante letárgico, a Itália como um cachorro meio adormecido, a Suíça como uma tartaruga escondida dentro de sua concha de neutralidade. Além do polvo, as aranhas foram feitas para os populares agressores cartográficos. A Alemanha nazista é retratada como um aracnídeo negro de pernas longas com o rosto de Hitler e uma suástica nas costas no sinistro mapa de propaganda britânica acima, voltado para ex-colônias de língua francesa na África com a legenda: “Une a une, on lui brisera les pattes” (uma a uma, suas pernas serão quebradas).
Publicado na página Curiosidades Cartográficas do Facebook em: https://www.facebook.com/curiosidadescartograficas/posts/1786326578227535
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